sexta-feira, 30 de julho de 2010

Silêncios'


Me deitava no chão e olhava pras estrelas sem piscar. Eu imaginava que elas poderiam escutar meus pensamentos e levá-los pra algum lugar que poderiam se tornar realidade.
Mas eu pedia para que elas não escutassem o que doía, que imaginassem que logo ali, ao dobrar a esquina, um velho iria pega-los e guardá-los dentro de um livro e pendurá-los no próximo Natal, para esperar pelo Ano Novo puro e quente.
Meus olhos vidrados num ponto escuro e infinito e eu desejava me esquecer, me abandonar, esperar o que cairia de lá para mim. Chega de esperar do sol, do dia, da chuva; da lua, do amor, da rua; eu peço por coisas simples, mas antes de me dá, leva logo o que está aqui. Leva!
Me ensina um jeito de expulsar o que ficou, eu não sei, mas eu ainda não sei!
Deixa eu aprender a reclamar com razão, só com razão, porque da vida eu já zombei demais.
Deixa eu gritar, escolher aquela musica que faz meu coração saltar de entusiasmo e acompanhar a melodia, cantar e cantar, pra vê se o tempo corre depressa, pra vê se o tempo amarra uma corda nos meus desgosto e os leva para bem longe de mim.
Deixa eu chorar, tentar chorar debaixo da chuva pra você não notar, que o mundo apertou minhas feridas e colocou-as em qualquer lugar do meu quarto pequeno e vazio.
Eu fazia ligações mudas, só porque ouvi dizer que o silêncio dizia muito mais do que qualquer palavra, porque respirar profundamente no telefone era uma forma genial de pedir socorro, de pedir afago, de pedir amor. Eu lia de olhos fechados a sua respiração.
Parava num instante e escolhia o vento que ia passar só para sentir a tua respiração quente, cheia de segredos, soluços e desabafos. Eu tentava segurar os teus silêncios, porque apenas eles me diriam o que você faz aí, escondido por trás dessa porta, dessa parede, desse lugar. Se sente o que não deveria ou se pede para o vento voltar. Mas já é muito tarde, eu ouvi você pensar.Muda de direção, é que preciso dizer que já não sei mais por aonde ir, o que dizer e para onde olhar. Você não precisa vir correndo, mas vem voando, porque meu silêncio já alcança você. As palavras são grandes e misteriosas, você não precisará ouvi-las para perceber que para mim o “medo” é a maior de todas elas, me deixa apenas te ensinar a sentir. E sinta!