terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Me Recordo' - TEXTO I


Me lembro quando era criança q eu sentia o amor de uma forma diferente, mais feliz, mais puro, mais seguro. Eu tinha certeza q não estava só, q se fizesse manha logo receberia um abraço quente e protetor. Tão pequena nos braços d alguém q sussurrava q tudo ia ficar bem e eu não duvidava, me agarrava no colo, sentia o cheiro e logo sorria. Como eu queria crescer pra saber me levantar só, mostrar para aqueles braços fortes e quentes q a garotinha tava tentando voar, se tornar forte e cuidar d si. Desejo concedido! No meu primeiro medo eu não soube aonde me defender. Tive amigos. Fiquei só! Aprendi a dar meus primeiros passos. Lembro q ainda chorei muito no colo dos meus pais, com a desculpa q eu andava doente, era a única forma d resolver minhas culpas sozinha. Nossa como eu me arrependo d não ter perguntado como se dava o próximo passo. Eu tava perdida! Amigos surgiam, mas eu era certa demais pra aceitar q na vida poderia se mudar as regras. Me decepcionava. Ganhei algumas asas, lutei por algumas coisas, exagerei no tamanho do passo, levei tudo a serio demais. Caí! Já fui pega várias vezes d surpresa por uma pergunta preocupada: “Ta acontecendo alguma coisa?” Eu não sei o q acontece, mas parece q todas as mães possuem uma forma d ler nossos passos pela casa. “Ta, está tudo bem!” Eu sempre era forte demais, aqueles olhos brilhantes d vontade acabavam, do nada, por cair ao chão. As pessoas entram nas nossas vidas e tem umas q parecem q andam com o poder d deixar apenas marcas ruins, o pior é q parece q são elas q permanecem por mais tempo, q modificam nosso eu, q agridem nossa face, q esvazia as possibilidades d acreditar q o amanhã será melhor. Que sujam nossa mente com lembranças desagradáveis, q plantam medos q são capazes ate d florescer. Se encontrar alguém assim, fuja! Aperte o botão d incêndio, grite o mais alto q puder, poupe-se d carregar dentro d si uma mala gigante d medo d ser feliz. Passou! Comecei a viver minha vida contra o tempo, eu não podia dar espaço a qualquer sensação q fosse. Foram muitos meses fugindo, quando tudo começava a mudar eu apenas pulava fora. Eu não podia despertar nas pessoas o q eu sinceramente não podia sentir. Eu não podia. As coisas são complicadas demais, eu não podia parar e sentir todo aquele medo tomando conta, me prendendo a algum lugar. Eu afasto as pessoas d perto d mim! Ouvi verdades o tempo todo, mas eu tinha medo d perceber q eu tava errada. Fiz amizades verdadeiras. A coisa q mais gosto d fazer na minha vida é me preocupar com os outros. Resolver os problemas das pessoas é uma forma d não pensar em mim, d não pensar no q eu estou deixando d aprender. Consegui me livrar d muita coisa, mas NUNCA dos medos. Fiquei tão marcada nessa vida, q eu não poderia deixar as pessoas perceberem o q se passava aqui por dentro, tinha q demonstrar o contrário, foi isso q fiz o tempo todo. Vi meus olhos secos durante meses, sem reações e sem surpresas. Me afastar das coisas me tranqüilizava, me possibilitava pisar firme sem medo do resultado. Como sinto falta daqueles dias q um colo resolvia cada aperto no peito, q medo eu só tinha d barata, do escuro, daquelas noites longas d chuva. Como sinto falta d sentir vergonha apenas porque fiz xixi na cama, naqueles tempos eu não precisava sentir vergonha do poder das minhas palavras. Amadurecer só dói, querer ser grande também dói. Ser diferente, bater d frente, fugir dos sentimentos, lutar contra o amor quando ele quer aparecer, tudo isso DÓI! Foi isso q eu fiz até agora. Porque ter medo é difícil. Porque se apaixonar é difícil. Porque perder o tempo todo quem a gente ama é difícil. Porque mudar o rumo é difícil, mas eu sei q posso.